sábado, 10 de outubro de 2009

Ensaio sobre abstinência...


Clima frio. Ventos gritavam na janela. A noite não estava convidativa para ser apreciada do lado de fora. Tudo parecia correr como todo santo dia no meu apartamento. Seria um dia igual aos outros exceto por um detalhe: eu estava em abstinência. Precisava de droga. Precisava da minha droga. E parecia que naquela noite, todos os meus fornecedores resolveram desaparecer. Eu estava em crise. Minhas mãos suavam e tremiam como se fossem de outra pessoa. Sentia um aperto forte dentro de mim e um mal estar pior do que qualquer ressaca por mim vivida. O teto girava sobre mim e os moveis possuíam vida própria. Olhei para a cama e percebi que ela me chamava, ela acenava pra mim, como se convidasse para apreciar um imenso banquete. Envolvido naquele misto de ilusão com realidade, eu venci o medo e fui à direção do convite. Fui abraçado pela cama que me falava coisas que eu não podia entender, mas que me excitavam. Quando olhei de relance em direção a porta, eu vi o céu... Minha droga estava ali, bem na minha frente, todo o motivo da minha loucura estava bem ali na frente. Aquilo veio ate mim como quando um baseado vai para a boca de um viciado... Mas o que estava na minha boca, não chega nem perto de um baseado... não, eu estou falando de outra boca. Uma boca na qual as células se juntavam de forma harmoniosa, transportando todo o calor do corpo de sua dona... Aquela boca me fez viajar através de meus pensamentos. Depois da boca, veio o leve toque de suas mãos... Mãos perfeitas que pareciam conhecer as curvas e desejos do meu corpo. Naquele momento, meu corpo já não era mais meu. Meu corpo possuía vontade própria e eu como mero observador, apreciava cada toque, cada olhar, cada beijo, cada caricia... E então vieram os seios... Como duas aureolas perfeitas, feitas com um compasso, enrijecidos com a excitação de cada toque, pulavam de acordo com os movimentos bruscos de sua portadora, fazendo valer o conceito de que um corpo em movimento tende a ficar em movimento, balançando de um lado para o outro no sentido oposto de sua dona. Foi quando percebi que estávamos nus. Delicadamente, ela foi me colocando para dentro de seu ser para tornarmos um só. O efeito que antes era de excitação... agora virou êxtase. Se existe um céu, eu já fui lá. Um céu úmido, que me apertava e me fazia sentir como um Deus onipotente, sem limites. As unhas rasgaram minhas costas em uma mistura de prazer e dor que me fez ofegar. A cada toque em sua pele, fazia tremer de cima a baixo. Olhei para os lados e vi que todos os moveis olhavam para mim e me instigavam. Queria que eu recebesse mais prazer, se é que aquilo era possível. Minha cabeça rodava no entra e sai constante e na troca de caricias. Depois disso, minha droga falou... Falou coisas na qual sentia a mesma coisa quando a cama me cantou, eu não entendia, mas gostava. Em meio as gemidos e gritos, discernir uma única frase: Me usa! E então veio o primeiro delírio! Junto, veio um gemido misto de prazer e dor, que fez com que aumentasse a velocidade e a intensidade da nossa dinâmica de entra e sai... Mais uma vez. Ahh! E mais outra... De repente senti tudo se apertar a minha volta. E senti o peso de seu corpo exausto em cima do meu. Foi então que eu tomei o controle. Como se eu encarnasse outro ser. Meu corpo não respondia aos meus movimentos. Ele se mexia sozinho, entrando, arrancando gemidos, saindo, arrancando arrepios. Foi quando ouvi vozes em minha cabeça, não dezenas, mas milhares, com o objetivo de me passar uma única ordem: Goze! Tornamos-nos dois novamente e com o acariciar de suas mãos, ela fez com que jorrasse meu néctar prateado pelos ares como uma mangueira de incêndio incessante na tentativa de apagar um enorme prédio em chamas. Senti minha força indo embora e então, em um ultimo abraço, a cama me levou para a escuridão. Quando acordei, demorei a entender o que tinha acontecido, foi quando percebi que estava em um caminho sem volta. Percebi que estaria condenado a usar aquela droga, freqüentemente ou não, eu teria de usá-la um dia, ou vários. Eu estava chapado pela falta da minha droga feminina... estava realizado por achar que tinha saciado minha abstinência feminina noturna... eu estava sozinho no meu apartamento...onde os delírios tinham me tomado.. O tempo todo.


T.


Queria parabenizar nosso querido Blogger "F" que completou mais um ano de farra, ontem, 09/10/09, parabéns e muitos outros anos de farra, sexo e literatura com a gente. \o/

12 comentários:

"T" disse...

so pra exclarecer, eu não estava chapado, alcolizado ou algo assim quando escrevi o post!

bj me liga

F. disse...

Excelente postagem T... Inovando aqui no Blog. E em contra-partida ao argumento acima, ele tava chapado sim quando escreveu o texto, encheu a cara de cerva e drinks loucos do bar que comemoramos o niver... =P
Morro de orgulho desse povo do blog, tomando cerveja e jogando xadrez... \o/

;*

Manu Montenegro disse...

E então o tão esperado conto...
fico imaginando se demorou mto pra digitar...ou se tu usou as duas mãos mesmo =x


=)

"T" disse...

usei as duas maos e foi rapido, mas se voce, sr. manu desejar, posso te ensinar a digitar e fazer outras coisas usando uma mao só.

=)

Manu Montenegro disse...

uau...

já tem experiencia nisso né?!

;)

J disse...

ahahahaheua, se ele falou... deve ter alguma experiencia nisso! vc vai querer que ele ensine?

"T" vc é o cara. Excelente post, uma obra literaria, transcreveu numa singularidade que me lembro Arnaldo Jabor!

Parabéns

Dona Tássia disse...

Depois de ler isso, tenho medo de estragar com um comentário futil.Então, transcrevo algo, potético para poético.

“Silêncio e a vontade de gritar
Respiro, perco a voz”

[musica: O Objeto- 3 na massa e a confraria das sedutoras]

belo texto.

Dhébora disse...

mt bom!
tava numa crise de abstinencia grande ein ? hauhusahu

"T" disse...

nao estava nao querida dhébora! no dia que eu estiver, você so verá minhas sombra ;)

obrigado "J", e agradeço a Cleo tambem, leitora ilustre do nosso humilde blog.

Dhébora disse...

seei ;)
nao entendi mas td bem :x

Lanny Mel disse...

NoOssaaaa!! Isso é que eu chamO de Post vey *_*
Não Imagino como você fez 'T'... Mas concerteza fez a mim e a várias pessoas 'viajarem no seu delirio o tempo todo!'


:D AMEI =***

T. disse...

que bom que gostou amore ;)